13 de Fevereiro de 2025

Urologia - Informação sobre as principais doenças

É possível reconhecer os pacientes que tem maior chance de desenvolver o cãncer da próstata? Como previní-lo?

Marcos Tobias Machado
Médico Assistente, responsável pelo setor de Oncologia da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Publicado no guia prático de Urologia.

Introdução
Tendo em vista as altas prevalência e mortalidade do câncer de próstata, estratégias de prevenção, sobretudo para com os grupos de alto risco, podem vir a ter um impacto significativo na história natural da doença, que se impõem como um problema significativo na Saúde Pública, principalmente nos Países Ocidentais.

FATORES DE RISCO DETERMINADOS
Os únicos fatores de risco já estabelecidos são: idade, etnia e história familiar. Estudos demonstram que sua incidência começa a aumentar a partir dos 55 anos de idade, com pico em torno dos 70-74 anos e que sua evolução é lenta.
Afro-Americanos apresentam um risco 60% maior de desenvolver a doença e uma mortalidade 2 vezes maior que a população Caucasiana da mesma idade.
Estudos epidemiológicos da década de 50 demonstram que ser irmão de um homem com câncer de próstata aumenta o risco da doença em 2-3 vezes. Esse risco é ainda maior se a idade de aparecimento da doença for precoce e se o acometimento familiar for múltiplo. A penetrância dos genes do Câncer de Próstata familiar não é conhecida, mas é possível que eles se relacionem a apenas 10% dos casos. Pelo menos 5 genes distintos já foram descritos, relacionados aos casos familiares de Câncer de Próstata - Tabela 1.

FATORES DE RISCO/ PROTEÇÃO SOB INVESTIGAÇÃO

FATORES AMBIENTAIS
A incidência do Câncer de Próstata apresenta uma variação extraordinária, ao longo do mundo. Em Afro-Americanos, ela é 60% maior do que a observada em Shangai. Quando se estuda a incidência da doença em populações de imigrantes que normalmente não apresentariam uma incidência significativa do problema, observa-se um aumento significativo no número de casos, fornecendo talvez, o maior argumento a favor do papel das influências do ambiente na manifestação da doença.

DIETA
Uma das maiores características da dieta ocidental é seu alto teor em gordura e em calorias. Estudos antigos correlacionaram o consumo per capita de gordura com a mortalidade por Câncer de Próstata, principalmente relacionada à gordura saturada, proveniente da carne animal. No entanto, estudos mais recentes encontraram uma associação apenas fraca entre esses elementos (risco relativo 1,5- 2). Quando os tipos de gordura são estudados separadamente, existe uma fraca evidência de que ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa exerçam algum papel protetor, enquanto que o ácido alfa-linoléico seja um fator de risco.
Segundo o Health Professionals Follow-Up Study, homens com um consumo > 2000mg de cálcio/dia apresentaram um risco 4,6 vezes maior de apresentarem a doença, em relação aos indivíduos do grupo controle.
Um trio de substâncias anti-oxidantes têm sido correlacionado a uma diminuição nos riscos : selênio, Vitamina E e licopeno. O selênio e a Vitamina E foram descobertos acidentalmente durante estudos com outros objetivos. No caso do selênio, durante um estudo que investigava Câncer de Pele e suplementos alimentares, houve uma redução de 67% na incidência de Ca de Próstata no grupo que recebia selênio, em relação ao grupo controle. Do mesmo modo, no Alfa-Tocoferol Beta Caroteno Câncer Prevention Study, um grupo de 29133 homens foram randomizados quanto à administração de alfa tocoferol ( 50 mg/dia),.
Aqueles que receberam 50mg/dia de vitamina E apresentaram 35% menos Ca de Próstata do que o grupo controle.
Esses achados levaram ao desenvolvimento de um protocolo chamado SELECT – Seleniun and Vitamin E Cancer Prevention Trial. Vários estudos vêm demonstrando a associação do Licopeno, encontrado sobretudo no tomate e nos seus derivados, e a proteção em relação ao Câncer de Próstata. Seu efeito, provavelmente, está relacionado a sua forte ação anti oxidante, a maior entre os carotenos.
Leguminosas também têm sido avaliadas. Existe bastante interesse nos efeitos anti-carcinogênicos da genisteina, uma isoflavona encontrada na soja que apresenta atividade estrogênica fraca e que causa aumento nos níveis da globulina transportadora dos hormônios sexuais, diminuindo os níveis séricos da testosterona livre, biologicamente ativa. Outros estudos correlacionam sua concentração urinária à menor incidência da doença em Japoneses, quando comparados a Finlandeses - Tabela 2.

FATORES ANTROPOMÉTRICOS E ATIVIDADE FÍSICA
Não existem dados que comprovem associação entre esses dados e o risco de se desenvolver câncer de próstata.

PERFIL HORMONAL
Existem 2 hipóteses principais, referentes ao tema:
1) O desenvolvimento tumoral é dependente do estímulo androgênico. Com base nessa dependência androgênica, um grande Estudo Randomizado fase III vem sendo realizado, o US Prostate Cancer Prevention Trial, que avalia o uso da Finasterida na redução da incidência da doença com mais de. Seus resultados são esperados para o ano de 2004.
2) Os níveis de IGF-1, um hormônio que media a ação do hormônio de crescimento tem mostrado relação com o câncer de próstata em alguns estudos. Essa substância induz o crescimento da próstata, em ratos.

DOENÇAS CLÍNICAS CONCOMITANTES
A cirrose diminui os riscos de Ca de próstata. O DM de longa duração, com baixos níveis de insulina tem sido relacionado a um menor risco, em alguns estudos. Algumas drogas com efeitos sobre o metabolismo dos androgênios estão sob investigação (espironolactona e cimetidina ).

MARCADORES HISTOLÓGICOS
A presença de Neoplasia Intra Epitelial ( PIN ), uma lesão reconhecida como percussora do Câncer Prostático , foi correlacionada a um risco15 vezes maior da doença.







Referencias Bibliográficas

[ Voltar ]

Copyright© 2012 - Todos os direitos reservados - Melhor visualização em 1024 X 768

Instituto de Laparoscopia & Robótica
Rua Dona Adma Jafet, 74 Conjunto 77
Cep 01308-050, São Paulo - SP
Email: instituto@laparoscopia-robotica.com.br

Tel: +55 (11) 2729-5155 / Fax + 55 (11) 2729-9155